terça-feira, 30 de maio de 2017

DE MANÁGUA NA NICARÁGUA À TEGUCIGALPA EM HONDURAS TRIGÉSIMO SEXTO DIA





DE MANÁGUA NA NICARÁGUA À TEGUCIGALPA EM HONDURAS



Trigésimo sexto dia.

“Viajar de moto é uma das experiências mais fascinantes que se pode ter nessa vida. Quem não tem o coração de motociclista provavelmente nunca entenderá o por que.

Mas até mesmo eu, às vezes, fico me perguntando, afinal, por que é tão bom assim?

Não tenho respostas, só alguns pensamentos.

Em primeiro lugar, viajar de moto evoca sentimentos de tempos e realidades muito distantes de nós; é como se nos transportássemos para outra época e, de repente, lá estamos nós com nossa armadura, baixando a viseira de nosso elmo, preparados para uma missão distante e desafiadora. No fundo, mesmo que isso pareça meio estranho, todo motociclista se sente como um guerreiro, deixando a segurança e o conforto de sua casa para ir adiante, desbravar territórios e vencer desafios.

Também existe um sentimento quase místico, como se estivéssemos saindo de nossa própria vida, vendo o que há lá fora. Viajar de moto é estar em movimento, é deixar a monotonia. A casa, o trabalho, nossa cidade, tudo fica para trás e seguimos adiante rumo ao desconhecido, mesmo que seja apenas a cidadezinha turística a 100km dali.

Viajar de moto também nos coloca em contato com outra vivência de relacionamentos que rompe com os paradigmas da vida moderna. Não há chefe, nem subordinados, apenas amigos, companheiros. E nenhum deles é melhor do que o outro, ninguém está competindo, somente compartilhando.

Há também uma intensa ligação com o campo do conhecimento. Todas as matérias estudadas em uma sala de aula são experimentadas, mas de uma forma muito diferente da que qualquer professor conseguiu nos proporcionar. A matemática está ali o tempo todo: são retas, curvas, tangências, ângulos, 100, 120, 140..., melhor parar por aqui. A física então, nem se fala: inércia, aceleração, movimentos retilíneos uniformes (ou não), calor, velocidade do vento; porque isso não parecia interessante na sala de aula?

A geografia e a biologia também são matérias sempre presentes em vales, montanhas, serras, colinas, rios e cachoeiras, pássaros (sim, eles ainda existem). Até mesmo a história, seja dos lugares ou das pessoas que encontramos, acaba nos atraindo.

O português não fica de fora e nem limitado à leitura de algumas placas; viagem de moto combina com histórias, contos , poesias, música; tudo inserido em longas conversas e não circunscritas a aulas, cadernos e horários.

Em uma viagem de moto também entramos em contato com nossos valores mais elevados. Coisas como liberdade, respeito, responsabilidade, solidariedade, são sempre presentes. Até mesmo nosso contato com o criador é estimulado; nossa mente viaja também, medita, contempla.

Diante de todas estas experiências olhamos para o dom maravilhoso que nos foi dado, a vida, e para aquele que nos deu tudo isso e somos levados a dizer, ainda que sem palavras: "muito obrigado" (autor desconhecido. Recebi no Zap).

Hoje é o dia de buscar minha carteira no Departamento de Polícia Nacional, aqui em Manágua. Tenho que pagar a multa, mas o banco só abrirá as 08H:30min, espero que tudo corra bem, pois quero sair da Nicarágua o mais rápido possível.

Fomos ao posto de gasolina que passamos a frequentar pra tomar o café, almoçar e jantar aqui perto do hotel, para tomarmos o nosso café da manhã. Café tomado e fomos lá, ver no que vai dar. Beleza, correu tudo bem, pagamos a multa e retiramos nossa carteira.

De volta ao hotel, subimos para os quartos para trocar de roupa e ir embora. Saímos por volta das 10H:30min, o sol aqui é bem forte, então o calor cozinha a gente dentro dessa roupa de cordura.

A estrada é boa, mas não durou muito tempo para chegarmos a aduana e ter aquele sofrimento que já faz parte de nossas vidas nos últimos 36 dias.

Chegando na aduana é aquela correria dos ratos de plantão. Nossa! Não estou mais com paciência com esses camaradas, está dando vontade de pular na garganta do primeiro que falar alguma coisa.

A saída da Nicarágua foi tranquila. Já a de Honduras, nossa que fila enorme. Resolvemos pagar o despachante e logo fomos liberados, mas o custo não é baixo.

Quando estávamos na aduana perguntamos ao Christian e ao Milton, dois garotos hondurenhos de no máximo dez anos, como estava a rodovia e a resposta não foi nada agradável. Pegamos diversos trechos com crateras, mas foi possível passar , não sem antes cair em alguns. No meu caso, peguei um buraco enorme. Minha sorte é que estava em pé na moto e a batida no buraco, só amassou um pouco minha roda.

Mais um pouquinho a frente, a rodovia estava em obras. Ah! Ia me esquecendo. Quando saímos do hotel, decidimos que iríamos por El Salvador, mas depois da aduana de Honduras, desistimos e esse foi nosso maior erro, pois pegamos a estrada em obra, o que significa que o sistema siga e pare, que vai nos fazer atrasar. Em um desses  ficamos mais de uma hora parados, ainda bem que já estava no final da tarde e o calor já tinha diminuído.

Hoje rodamos, cerca de 400 Km. Agora são 22H:32min, aqui em Tegucigalpa, em Honduras, o tempo está mais frio, a temperatura deve esta por volta dos 20 graus.


Beijos fiquem com Deus.


Vejam as fotos: